segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Reflexões do neo-populismo na América Latina.

Analisando o contexto internacional nos deparamos com sociedades vivendo em uma idade arcaica, tomando por base um ponto de vista ocidental. Não precisamos viajar á áfrica, ou ir a Ásia para tal descoberta, basta passar a fronteira e dar um oi aos amigos Paraguaios.
Estive em solo paraguaio na ultima semana, para ser mais exato na famosa e violenta Ciudad Del leste, divisa com Foz do Iguaçu, onde pode-se reparar com facilidade a desigualdade atribuída a diferentes povos porem da mesma espécie, separados por uma linha imaginária.
De um lado uma sociedade evoluída em termos econômicos e sociais (nada comparado aos paises nórdicos é claro), e pelo outro uma nação se arrastando como pode para sobreviver.
O desespero dessa população paraguaia foi amenizado com a eleição do ultimo populista latino americano, o bispo Lugo, após 60 anos sobre a hegemonia de um partido, finalmente a oposição assumio o governo. Um poderoso líder carismático entra em ação, com a promessa de “fazer valer a pena” os quatro anos de seu mandato.
Mas qual a explicação de a América Central e Latina estarem sendo governadas de maneira absoluta por governos centro-esquerdistas ou radicais com ideologias bolivarianas e maxistas em pleno século XXI? A resposta é o desenvolvimento econômico, o aumento do PIB, os avanços tecnológicos, o êxodo rural, como usou Octavio Ianni; as “massas marginais” indo em busca de qualidade de vida, de sobrevivência.
Partindo desse marco, a população é manipulada, ou melhor, é a “massa de manobra” como dizia Marx. Ela necessitando de mudanças urgentes e as cidades com estruturas sociais desapropriadas em frente a tamanha demanda, apela-se, portanto, a um “semi-deus”, com entusiasmo e carisma suficiente para estimular todas as classes existentes em um pais, e ao mesmo tempo diminuir o poder de uma oligarquia instalada desde que o mesmo era colônia de outros.
O neopopulismo mesmo com todos seus aspectos repressivos, e em maioria totalitários de caráter nacionalista, atribui significado de existência as pessoas que nele se iludem, ou seja, é um “ima” atraindo os que antes eram excluídos pela sociedade, fazendo com que sintam parte desta. Esse fator aliado ao extinto animal do ser humano que chamarei de “eu quero sempre mais” faz surgir outro sentimento, de que a repressão pode desaparecer e dar lugar a democracia, a liberdade política e econômica. Assim surgem revoluções, “diretas já”, e a democratização do país e novamente instaurada. Agora basta saber se o populismo atraio numero suficiente de seguidores que darão valor a “res-publica”, e se estas defenderão direitos coletivos em pro de suas ideologias privadas.
Para tal indagação daremos “tempo ao tempo”, a redemocratização do Brasil já esta as beiras das bodas de prata, não estamos tão avançados como alguns paises do norte europeu, porem já passamos a faze “populista”, a bola da vez é administrar a maquina estatal e atribuirmos valor as coisas que dela partem à sociedade.

A questão da globalização; um passo ao futuro?

Estamos convivendo diariamente com um fenômeno que parece não ter mais fronteiras a adentrar. É o processo designado globalização, decorrente de vários fatores, dentre eles, os avanços dos meios de produção, inovações tecnológicas e científicas, dentre outras.
A questão que surge em meio a tal fenômeno é Como devemos ver este processo de mundialização? Seria ele positivo ou negativo? Indagamos como se tivéssemos escolhas, porem o fato é que não a temos, e, portanto nos cabe analisar como o mesmo reflete nas instituições sociais criadas pelo homem a fim de garantir os direitos fundamentais à vida.
Li um tempo atrás em uma reportagem na folha de São Paulo, um artigo sobre o processo de globalização elaborado por Janine, tal item redigido através do ponto de vista dos fenômenos econômicos.
Para o autor a globalização nos remete a seguir um modelo implantado pelo sistema regente externo, que o denomina de “neoliberalismo econômico”, sendo assim em sua abordagem relata que o poder representativo do estado diminui gradativamente a um poder quase “inidentificável”, o poder financeiro, baseado em números.
Portanto este fenômeno na visão do autor, faz com que o poder emandado do povo, que já é mínimo em uma democracia representativa, chegue ao ínfimo, pois para ele os governantes pouco podem resolver das questões sociais. O que se aborda em primeiro plano é a questão financeira, pois o próprio Estado depende de tais instituições. Para Janine os fatores econômicos neoliberais agem como dissolvidores da democracia (política), e são nocivos a identificação cultural de cada sociedade.
Em uma visão otimista do processo de globalização, o filósofo francês Michell Serres, nos propõe uma interpretação contraria a Janine. Para Serres, a globalização permite uma aproximação entre as diversas culturas, e dilui esta barreira estabelecida entre 1° e 3° mundo, pois os “dois mundos” tendem a se beneficiar com tal processo, através da convivência, da troca de saberes, onde cada povo encontra soluções diversificadas e criativas aos seus problemas sociais.
Quando questionado as questões relacionadas a influência de uma cultura dominante sobre as outras, ele responde afirmando que nós seres humanos somos criadores de diferenças e mesmo com uma influencia massiva, estaríamos aptos a criar diferenças regionais expressivas. Portanto para o autor, a mundialização é uma simples evolução do homem, mais um passo dado ao futuro.
O processo de Globalização esta ai, batendo de porta em porta, não há como se negar a ele, não há como voltarmos aos moldes de um estado rígido, protecionista, de caráter nacionalista e totalitário (abordando aqui o estado brasileiro), o homem esta de fato evoluindo, através como disse dos fatores de produção, das brilhantes idéias obtidas em todos os mundos abordados anteriormente. O saber não tem mais fronteiras, e resulta de fato como disse Serres em um processo de “mestiçagem”.
O homem em toda sua história evolutiva organiza-se conforme seus avanços na cadeia de produção. Portanto como pensava Aristóteles, valido ainda mias no mundo moderno, “o homem é um animal político” e nunca deixará de ser, ele pode ser influenciado, porem os interesses particulares ou coletivos prevalecem. Indiferente a região que habita o ser humano sempre estará exposto a uma “luta de idéias”, do qual com o fenômeno de globalização estabelecera outros meios de organização social, evoluindo mais um degrau nesta escada chamada “linha do tempo”.

Obamania chegou!

“Change we need”, era a principal frase de Obama em sua campanha. Realmente o mundo quer mudança, “precisa de mudança”, e é claro para melhor. As pessoas estão cansadas de ver a hegemonia econômica atribuída a artifícios bélicos implantando a “paz” através de um maciço domínio armistício. É valido dizer que os conflitos geram mais conflitos, e de fato temos assistido um país proclamar a luta pela paz e contra o terrorismo, gerando mais terror e instabilidade no cenário internacional.
A vitória de Obama representa para as pessoas de diversas nações, que a mudança pode estar mesmo próxima. A esperança e a crença por um futuro coletivo melhor nunca estiveram tão abrangentes e seguindo um mesmo ideal, de que as pessoas são iguais, é o reflexo de uma nova ordem ética-moral, onde as pessoas são compreensíveis de que nos seres humanos somos iguais e diferentes, e é essa igualdade e diferença que nos faz evoluirmos juntos.
A obamania da credibilidade a uma nação que obteve rejeição nos quatro cantos do mundo. É a hora de mostrar que esta onda é transformadora, e não ficara só na esperança, e que a integração iniciada com a aproximação dos povos é possível. Porem a estrada é longa e os objetivos alcançados gradualmente. Como disse Amaral em artigo a revista época, “os americanos elegeram um presidente, não invocaram um semi-deus”.

De um cidadão a democratização do mundo

O primeiro passo antes de começar a criticar a sociedade em que vivo, e de nada adiantarão as criticas se não forem abordadas de maneira construtiva, é a analise rápida da sociedade brasileira, claro tomando um posicionamento meu sobre tal nação. Neste contexto tão diversificado que chamamos de Brasil, há uma sociedade arcaica, que vive ainda como se estivessem no período patrimonialista desse pais e por outro lado uma sociedade moderna com linhas ideológicas ocidentais voltadas a absorção das vantagens que a globalização tem a oferecer.
De um lado como dizia Marx os oprimidos, que se sentem carta fora do baralho, do outro os “avançados” ou que pelo menos se dizem evoluídos perante esses. O fato é que mesmo nos que chamarei “atrasados” e nos “evoluídos” barramos com uma ignorância tremenda, e que me arrepia intolerantemente.
Na ultima sexta fui notificado que minha ex-namora havia falecido, grande perca, a maior que tive até hoje. Voltando ao assunto estávamos em seu velório, quando amigos meus componentes da classe média alta, minoria nesse pais, e que se dizem também parte dos “evoluídos”, começaram a conversar em minhas costas, papo vai e papo vem, um deles disse a seguinte frase “pessoal vocês sabem que não dá pra discutir nem futebol, nem política e nem religião, que todos tem uma idéia diferente”, vendo aquilo não pode permanecer calado. Hora, estavam falando em ignorar uma luta que vem a mais de vinte séculos, os direitos políticos, a maior criação do homem até hoje, perguntei a eles se sabiam o significado de democracia, foi ai que tive meu maior espanto. Estavam em seis, ninguém definiu democracia corretamente, eles não relacionaram a política com a democracia, que na verdade formam uma só verdade.
Esses cidadãos estabelecem um atraso a nosso país, são pessoas que não contribuem a verdadeira “evolução”, a da criação de conflitos através dos interesses individuais e coletivos por meio das liberdades políticas, que resultarão na amenização dos mesmo, originando a “republica” baseada em uma “ordem” que estará sujeita a nova “desordem” para estabelecimento de uma nova “republica” oriundas da democracia (participação e liberdade de todos).
Parece até uma visão platônica e impossível, porem é a democratização de um cidadão e posterior de um país, junto à democracia das outras nações que estabelecera um mundo estável. Estamos caminhando para isso. O processo é longo e a democracia é alcançada com décadas, porem se analisarmos o contexto da linha do tempo, verá que “evoluímos” inacreditavelmente nos últimos duzentos anos, o que diriam os realistas e idealistas dos séculos XVII, XVIII e XIX, imagino que diriam na época que o mundo em que vivemos estaria alem de uma utopia. Mas aqui estamos, vivendo esta utopia e a caminho de uma próxima.